O Castro

Antes de nos debruçarmos sobre o castro de Alvarelhos, escutemos o que nos diz Veríssimo Serrão sobre a civilização castreja:
"Ligada à civilização do ferro, desde o século X que se fora desenvolvendo no território da Península uma civilização castreja que estabeleceu um vínculo entre os povoados neolíticos e os Lusitanos. Povoações fortificadas com o nome de castros ou citânias, ergueram-se no cimo dos montes, tendo a defendê-las muros de pedra e, como núcleo principal, casas do mesmo material, de forma redonda, rectangular ou oblonga, cobertas de colmo ou de ramos de árvores. Sítios escolhidos pelas suas condições de defesa, constituíam núcleos de vida comunitária, haja em vista os espaços vazios para a recolha do gado e para a cultura agrícola. Ali se fixaram tribos em busca de mais seguro convívio, fugindo ao ataque de grupos rivais ou de vagas migratórias que assolavam os vales e planícies.
Assim se manteve ao longo dos séculos uma civilização que, em plena idade histórica, conservou variadas formas do viver arcaico. Civilização pobre, dedicada à agricultura e à pastorícia, confinava-se aos estratos sociais e familiares que a própria comunidade lhes oferecia. No seu isolamento teriam conservado a rudeza de vida e formas de mentalidade que levavam Joaquim de Carvalho a radicar nessa cultura a psique do homem português do nosso tempo.
De maneira global, pode considerar-se como a mais intensa área castreja da Península a zona que vai do Douro aos confins da Galiza e se estende de Tás-os-Montes às províncias de Leão e das Astúrias, ou seja, uma cultura própria do Norte e do Noroeste peninsulares. Só na região de Entre Douro e Minho descobriu Martins Sarmento mais de 60 povoados desse tipo, com especial relevo para o castro de Sabroso e a citânia de Briteiros, nos arredores de Guimarães. Nessa distribuição, a segunda constituía uma 'cidade murada com restos de habitações permanentes', ao passo que os castros apenas representavam a posição fortificada 'sem vestígios de casas'. No entanto, Mário Cardozo considera que, havendo habitações dos dois tipos de castros, devia guardar-se esta designação para os aglomerados mais pobres e menos habitados, cabendo a de citânias aos grandes castros e de mais robustas habitações, devido à resistência dos materiais usados na sua construção".

José Correia do Souto partilha a opinião de Joaquim Veríssimo Serrão e afirma, em uníssono com Ramon Menendez Pidal, que todos os castros foram construídos com uma finalidade defensiva; essa é a razão porque se encontram rodeados de muralhas.

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