Igreja S. Roque

É muito antiga a devoção do povo português a São Roque de Montpllier.
         Este Santo, nascido em meados do séc. XIV, é o Patrono dos cangalheiros. A sua festa é celebrada no dia 16 de Agosto. Ficou órfão muito cedo. Desfez-se dos seus bens em favor dos pobres e dos hospícios. Partiu depois para Roma como peregrino. No regresso, dedicou-se a cuidar dos pestíferos, tendo, segundo se crê, contraído essa terrível doença. Diz-se que, abandonado por todos, era alimentado por um vizinho, que lhe enviava um pão pelo seu cão.
         Curado da doença que o atormentara, regressou à sua terra… mas ninguém o reconheceu. Confundido com um espião, foi preso e, mais tarde, morreu no cárcere. De acordo com uma outra versão, terá morrido na Lombardia, no ano de 1397.
                   São Roque é iconograficamente representado vestido de peregrino, com um bordão, chapeirão, cabaça e sacola. Na coxa, mostra o bubão pestífero. A seu lado, o cão que lhe levava a comida. Nalguns casos, é representado com a rela dos leprosos.
         A propósito da devoção a São Roque, escutemos Francisco Carvalho Correia:
         É tardio o culto de S. Roque. Começou a partir de Montpellier, sul da França, donde, segundo a lenda, o santo era natural. Não se divulga, porém, antes de 1410, a devoção. Nessa altura, a peste – de que S. Roque é protector – afligiu a cidade natal. E a sua famosa Universidade recorre a S. Sebastião. Não obstante S. Roque ser anti-pestífero! E exactamente de Montpellier”… E “especializado”, ao contrário de S. Sebastião, este com uma luta repartida por três frentes muito amplas: fome, peste e guerra…

         O culto de S. Roque difunde-se a partir de 1414, por obra do Concílio de Ferrara, que faz apelo à sua intercessão contra a peste que ia ameaçando o decorrer das suas sessões. Depois, revigora-se: uma parte das relíquias do santo vai para Veneza, em 1485, como talismã contra as epidemias a que o frenético porto de mar se expunha nas relações comerciais com o Oriente, berço de tantos males e de muitos contágios. Os Papas sublinham o valor de S. Roque, ao inscreverem o seu nome no martirológio romano (Gregório XIII) e no catálogo oficial dos santos da Igreja (Urbano VIII). O teatro, na linha dos milagres da Idade Média, toma, como fonte de inspiração, as vicissitudes heróicas e os efeitos taumatúrgicos da sua presença benéfica. As epidemias frequentes – tenhamos na lembrança as de 1630 e 1720 – incentivaram o recurso ao homem de Deus e à sua intercessão tão especializada.

 

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