Igreja Matriz

Este templo possui um esbelto campanário a coroar a sua fachada muito simples, ladeada por dois torreões. As duas portas laterais são de estilo românico. No interior, as paredes estão revestidas de azulejos seiscentistas de inquestionável valor. Os seus (antigos) altares eram pobres.
         Qualquer pessoa menos atenta, ao passar na rua, pensará que esta igreja é do séc. XVII ou XVIII. Mas, se repararmos nas duas portas laterais, concluímos que o templo será anterior ao séc. XIII. Será mesmo dos séculos XI ou XII! Mas o que explica o traçado confuso do actual espaço sagrado?
         É sabido que, durante séculos, as freiras do mosteiro beneditino de Vairão, do vizinho concelho de Vila do Conde, donatárias da freguesia, entregavam as suas terras aos caseiros, para serem cultivadas. Os emprazamentos eram feitos apenas a pessoas de comprovada idoneidade moral. Os mesmos abrangiam somente três vidas completas e acabadas, isto é, do marido, da esposa e de um dos filhos. No fim das três vidas, o contrato caducava e era feito um novo emprazamento. Este regime vigorou até 1834, altura em que foram extintas as Ordens Monásticas e confiscados os seus bens.
         O senhorio das terras conferia direitos e impunha deveres. Entre os principais direitos, sobressaía o de receber as rendas e apresentar o pároco. Um dos deveres consistia em garantir o sustento do culto e do pároco.
         Nos começos do séc. XVII, houve necessidade de restaurar a igreja. A altura não era contudo das melhores, porque Portugal se encontrava sob o jugo de Castela (Espanha). Mas a obra era urgente, porque a galilé e a capela-mor ameaçavam ruína. O espaço foi então adaptado pelo povo ao estilo do tempo. Na padieira da porta lateral estão gravadas duas datas – 1682 e 1684. Da primitiva igreja ficaram de pé apenas as paredes, nas quais foram rasgadas janelas ao gosto da época. Felizmente que não tocaram nas portas laterais, salvando-se assim estes vestígios do templo românico. Caso contrário, dificilmente acreditaríamos na antiguidade desta igreja.
         Até ao início do último quartel do séc. XIX, não encontramos no arquivo paroquial documentos escritos que nos forneçam dados precisos para a história da igreja matriz.

 

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